19/08/10

Música e Loucura

Sempre me atraiu a loucura enquanto tema literário: lembro-me do entusiasmo com que, por volta dos 14-15 anos, iniciei a leitura do Elogio da Loucura de Erasmo, apenas para me desiludir com a natureza satírica e alegórica do texto. Recordo também como, uns anos mais tarde, a obra de David Cooper exerceu em mim o efeito contrário. Tal como na literatura, sempre me interessaram as representações da loucura na música; esta é uma das minhas favoritas (e com um vídeo a condizer):




Também me agradam particularmente All the Madmen de Bowie e Committed de Roy Harper, esta última sem dúvida com conhecimento de causa.
Mas, claro está, e sem necessitar de refenciar a loucura tão esplicitamente quanto os exemplos anteriores, o grande louco do rock é e será sempre este senhor:

(Foto obtida aqui)


11/08/10

Ferramenta Literária

Uma ferramenta engraçada que, através da análise de textos (em inglês), descobre qual o escritor canónico ao qual a escrita se assemelha.

Submeti a tradução inglesa do meu conto “O Anjo Suíno”, publicado no quarto número da Detritos, e o resultado foi o seguinte:



I write like
Edgar Allan Poe

I Write Like by Mémoires, Mac journal software. Analyze your writing!


Como sou, por natureza, um desconfiado, tirei um excerto de Poe ao calhas do Guttenberg e submeti-o: segundo a máquina, Edgar Allan Poe escreve como Jonathan Swift. O que não destruiu a minha fé na máquina – antes pelo contrário: descobri-lhe uma nova dimensão. Imagine-se que dava continuação a este processo e submetia um excerto do Tale of a Tub ou do Battle of the Books para descobrir como quem escrevia o Swift, e assim sucessivamente, até descobrir se a minha escrita descende da casa de Homero ou da de Hesíodo. (Ou, se a máquina se mostrar insensível a anacronismos, descobrir, por exemplo, que Swift escreve como Thomas Pynchon.) Faltam-me, de momento, o tempo e a paciência, mas um dia ainda me hei-de servir desta maravilha informática para compor a minha árvore genealógica literária.

10/08/10

Xeque-mate!

Vladimir Nabokov
"[...] for he belonged to that rare type of writer who knows that nothing ought to remain except the perfect achievement: the printed book; that its actual existence is inconsistent with that of its spectre, the uncouth manuscript flaunting its imperfections like a revengeful ghost carrying its head under its arm; and that for this reason the litter of the workshop, no matter its sentimental or commercial value, must never subsist."


Vladimir Nabokov, The Real Life of Sebastian Knight