24/12/10

Hair Christmas!


20/12/10

Clash of Titans!

"At times, when closely pursued, he will disgorge what are supposed to be the detached arms of the squid; some of them thus exhibited exceeding twenty and thirty feet in length. They fancy that the monster to which these arms belonged ordinarily clings by them to the bed of the ocean; and that the sperm whale, unlike other species, is supplied with teeth in order to attack and tear it".

Herman Melville, Moby Dick


“Battles between the squid and the sperm whale are awesome sights”
Charley Harper, illustrating Gerald Fichter’s The Animal Kingdom

Mais aqui.

07/12/10

Hats off!




06/12/10

Proudhon disse:

Samizdata) A propriedade é um roubo.
Samizdatb) A propriedade é liberdade.
Samizdatc) A propriedade é impossível.
Samizdatd) Todas as anteriores.
Proudhon

23/11/10

Antes e Depois

Samizdat Ou: o sopro da loucura derrubando tudo...


Syd Barrett
Syd Barrett
Samizdat1967Samizdat1975

15/11/10

Lapso e Penitência

Foi há cerca de um ano que escrevi, pelo gozo da coisa e por me saber capaz, a entrada sobre a metamorfose (vulg. alomorfia fulminante) que haveria de ser publicada no Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshead de Doenças Excêntricas e Desacreditadas (vide Lista de textos publicados alhures). Ora esse textozito é muito devedor, a nível das ideias, de um outro, claramente superior, intitulado Aloé, o qual foi composto pela bela Ksenia e por mim traduzido em português para o nº 2 da revista Detritos.
Recordo que o plano inicial era de incluir numa bibliografia semi-fictícia a referência a esta publicação, mas algures no meio da redacção do texto esqueci este intento, e o texto acabou por não incluir a referida bibliografia. Serve este poste para repor a justa referência e para permitir aos leitores deste blogue fluentes em russo a leitura do original. Os outros podem sempre comprar a revista.

09/11/10

A Baba de Ouro dos Insectos


O talentoso poeta Mário Alberto Machado criou um site ao qual deu o belíssimo nome de “A Baba de Ouro dos Insectos”, e onde teve a gentileza de publicar um poema meu. Melhor do que ler o referido poema, pálido por comparação, será descobrirem os textos do Mário, todos eles de raro artifício e extrema beleza.

23/09/10






Mais que o homem sem opiniões, espera-se o Homem Sem Nome.







Mais que o homem sem qualidades, espera-se o homem sem opiniões.



16/09/10

Primeiro Paragrafas – Martinho Deão

 "Poucos anos mais velho que S., J. falava abundantemente e de forma convoluta, cada frase torneada individualmente e como que abstraída tanto das que a precediam como das que se lhe haviam de seguir, curvando-se nos extremos, desviando-se do rumo do discurso para miraculosamente o retomar no nem sempre óbvio núcleo de cada nova sentença, pelo que conversar com J. equivalia a encetar diálogo com uma daquelas recolhas de sabedoria popular que tudo misturam em capítulos encimados pela esclarecedora designação dos temas a tratar, como Amor ou Velhice  uma colecção de adágios e axiomas avulsos que alia ao provérbio chinês o aforismo de Schopenhauer e o paradoxo de Wilde, que junta ditos campesinos com máximas romanas e credos cristãos, que une slogans, lemas, refrões e verbetes numa amalgamada e malparida enciclopédia dos pobres; e nisto lembrava-lhe G., esse outro pedagogo da citação obscura e da alusão ininteligível."

DEÃO, Martinho, Primeiro Paragrafas, Guarda: Bosque Editora (1978)

19/08/10

Música e Loucura

Sempre me atraiu a loucura enquanto tema literário: lembro-me do entusiasmo com que, por volta dos 14-15 anos, iniciei a leitura do Elogio da Loucura de Erasmo, apenas para me desiludir com a natureza satírica e alegórica do texto. Recordo também como, uns anos mais tarde, a obra de David Cooper exerceu em mim o efeito contrário. Tal como na literatura, sempre me interessaram as representações da loucura na música; esta é uma das minhas favoritas (e com um vídeo a condizer):




Também me agradam particularmente All the Madmen de Bowie e Committed de Roy Harper, esta última sem dúvida com conhecimento de causa.
Mas, claro está, e sem necessitar de refenciar a loucura tão esplicitamente quanto os exemplos anteriores, o grande louco do rock é e será sempre este senhor:

(Foto obtida aqui)


11/08/10

Ferramenta Literária

Uma ferramenta engraçada que, através da análise de textos (em inglês), descobre qual o escritor canónico ao qual a escrita se assemelha.

Submeti a tradução inglesa do meu conto “O Anjo Suíno”, publicado no quarto número da Detritos, e o resultado foi o seguinte:



I write like
Edgar Allan Poe

I Write Like by Mémoires, Mac journal software. Analyze your writing!


Como sou, por natureza, um desconfiado, tirei um excerto de Poe ao calhas do Guttenberg e submeti-o: segundo a máquina, Edgar Allan Poe escreve como Jonathan Swift. O que não destruiu a minha fé na máquina – antes pelo contrário: descobri-lhe uma nova dimensão. Imagine-se que dava continuação a este processo e submetia um excerto do Tale of a Tub ou do Battle of the Books para descobrir como quem escrevia o Swift, e assim sucessivamente, até descobrir se a minha escrita descende da casa de Homero ou da de Hesíodo. (Ou, se a máquina se mostrar insensível a anacronismos, descobrir, por exemplo, que Swift escreve como Thomas Pynchon.) Faltam-me, de momento, o tempo e a paciência, mas um dia ainda me hei-de servir desta maravilha informática para compor a minha árvore genealógica literária.

10/08/10

Xeque-mate!

Vladimir Nabokov
"[...] for he belonged to that rare type of writer who knows that nothing ought to remain except the perfect achievement: the printed book; that its actual existence is inconsistent with that of its spectre, the uncouth manuscript flaunting its imperfections like a revengeful ghost carrying its head under its arm; and that for this reason the litter of the workshop, no matter its sentimental or commercial value, must never subsist."


Vladimir Nabokov, The Real Life of Sebastian Knight

12/07/10

Devemos continuar a surpreendermo-nos com a depredação do homem pelo homem?*

 * após leitura de: Oscar Wilde, The soul of man under Socialism

…while under the present system a very large number of people can lead lives of a certain amount of freedom and expression and happiness, under an industrial barrack system, or a system of economic tyranny, nobody would be able to have any such freedom at all.


 Sim, infinitamente. Mas surpreendamo-nos mais ainda com as panaceias propostas, o incessante repetir das fórmulas vetustas, dos erros conhecidos e indeclináveis. O único remédio que ainda não provámos, aquele que constantemente nos negam, é a liberdade: tudo o resto ou é veneno ou banha de cobra.

Recusemos as tiranias do Estado; recusemos também a irresoluta tirania da incompetência, a homeopatia liberal: reconheçamos o polícia em nós, o invejoso, o bruto, o demagogo, e matemo-los constantemente. Rejeitemos as opiniões: não consintamos que cábulas nos governem ou que serralheiros nos deiam lições de estética. E assim por diante...

24/06/10

Saúdo-o no início de uma grande carreira

Com estas palavras, R. W. Emerson congratulou, numa das mais famosas cartas de entre as que alguma vez se escreveram a um autor principiante, Walt Whitman pela primeira edição da sua colectânea de poemas Leaves of Grass. Whitman, por sua vez, publicou a carta, em conjunto com a sua resposta em carta aberta na segunda edição (aumentada) de Leaves, e reproduzindo em letras douradas, na lombada, o ditame de Emerson que serve de título a este post. Um gesto venal, talvez, que arrefeceu o entusiasmo do filósofo do Massachusetts ante a obra e o poeta que ele mesmo havia conjurado*. Leaves of Grass conheceu um total nove versões durante a vida de Whitman (a derradeira é mesmo conhecida como deathbed edition), cada uma delas sujeita a revisões, acrescentos e, por vezes, remoções; em pelo menos uma delas, Whitman incluiria uma das inúmeras críticas desfavoráveis com que o seu livro foi acolhido: aquela que categoriza o volume como a mass of stupid filth e o respectivo autor como a filthy free lover.
Walt Whitman

É este cuidado para com o texto como coisa viva e dinâmica, esta dedicação a uma obra única que é, num mesmo movimento, testamento e celebração de si mesma, esta desassombrada consciência meta-literária que chama a si os seus subprodutos e exibe o galardão ao lado da invectiva, enfim, este domínio do objecto de expressão que é tanto ferramenta quanto produto, é tudo isto, dizíamos, que nos leva a invocar Walt Whitman, neste primeiro post, como padroeiro do Samizdat . He calls Walt: gritamos com Álvaro de Campos, e havemos de montar um altarzinho ao grande bastardo de Apolo para que nos guie ele, como espírito tutelar, na aventura da auto-publicação.


* Num ensaio de 1845, intitulado ''O poeta'', Emerson expressou a urgência de um novo tipo de poeta nativo aos Estados Unidos que cantasse as virtudes e vícios do jovem país; Whitman, ao iniciar a escrita de Leaves of Grass, estava a responder ao apelo de Emerson.